O que propõe o projeto de lei russo sobre propaganda sem filhos?
O projeto de lei russo visa proibir a divulgação de informações que desencorajam a maternidade. A proposta pretende silenciar conteúdos que promovam a escolha de viver sem filhos, classificando essa divulgação como propaganda negativa.
Penalizações severas estão previstas para os infratores. As multas podem alcançar um valor de 47 mil euros, sublinhando o compromisso das autoridades em defender os valores tradicionais. A legislação avança numa linha de repressão a ideologias que, segundo os legisladores, ameaçam a natalidade na Rússia e a estabilidade interna do país.
A proposta ainda precisa de mais duas leituras na Duma russa antes de obter aprovação final, consolidando-se como parte da legislação russa sobre filhos.
Como a nova lei se relaciona com a política demográfica de Putin?
A política de natalidade promovida por Vladimir Putin enfatiza o fortalecimento da natalidade na Rússia. Desde o envio de tropas para a Ucrânia, Putin tem acusado o Ocidente de desestabilizar o país através de ideologias liberais, o que inclui a promoção de estilos de vida sem filhos.
Neste cenário, o projeto de lei que proíbe a "propaganda sem filhos" surge como um passo para alinhar a legislação com a política demográfica de Putin, que incentiva a formação de famílias numerosas.
Com a população russa em declínio, o presidente tem feito esforços para recuperar o crescimento populacional, chegando a encorajar mulheres a terem até oito filhos.
Por isso, a legislação atua em conformidade com essa política, visando aumentar a população e fortalecer a unidade nacional contra influências externas.
Quais são as críticas ao projeto de lei?
Ativistas dos direitos das mulheres criticam a medida, argumentando que ela falha em abordar as verdadeiras causas do declínio populacional. Segundo eles, a legislação ignora fatores materiais e económicos que impactam a decisão de ter filhos. Ao focar na repressão de ideias, os legisladores desviam-se das soluções adequadas para apoiar as famílias.
Muitos opositores consideram que atacando as razões erradas para a baixa natalidade, o governo apenas amplia as dificuldades enfrentadas. Além disso, destacam que o projeto propaga uma visão simplista e retrógrada, colocando em risco avanços sociais importantes.