Como começou a digitalização na Estónia?
Após reconquistar a independência em 1991, a Estónia enfrentou grandes desafios económicos e de infraestruturas, consequência da ocupação soviética. Com um PIB per capita inferior ao que possuía antes da ocupação, a Estónia tinha escassos recursos e capital limitado. No entanto, reconhecendo a necessidade urgente de se modernizar, o país optou por um novo caminho: a digitalização.
Esta decisão foi motivada pela vontade de obter eficiência e fazer mais com menos. Na viragem do milénio, iniciou-se a oferta de serviços públicos digitais, começando com as declarações fiscais em 2000. Ao digitalizar serviços, a Estónia conseguiu simplificar processos e integrar inovações tecnológicas, transformando-se num exemplo de sucesso em inovação tecnológica e serviços públicos digitais. No seguimento deste programa, que lembra iniciativas como o Portugal Digital, o país conseguiu oferecer 99% dos seus serviços publicamente de forma digital.
Quais os benefícios da digitalização para o setor público?
-
Eficiência aprimorada: A digitalização permitiu realizar tarefas complexas de forma simplificada e rápida, reduzindo burocracias e tempos de espera.
-
Economia de recursos: Com menos necessidade de infraestrutura física, os custos de operação foram significativamente reduzidos.
-
Facilidade de acesso: Os serviços públicos tornaram-se amplamente acessíveis a qualquer hora e lugar, eliminando a necessidade de deslocação.
-
Transparência e segurança: Os processos digitalizados oferecem maior transparência e rastreabilidade, melhorando a confiança pública.
-
Inovação contínua: A rápida adaptação a novas tecnologias incentiva melhorias constantes nos serviços oferecidos.
Este modelo tem inspirado iniciativas em vários países, como o Portugal Digital, que busca capacitar os seus cidadãos para a era digital.
Por que o setor privado não seguiu o mesmo caminho?
O setor privado na Estónia não se digitalizou tão rapidamente quanto o setor público devido, em parte, à predominância de microempresas.
Com 84% das empresas sendo microempresas, muitas podem não ver necessidade imediata de investir em tecnologias digitais, especialmente aquelas envolvidas em operações sazonais ou de pequena escala.
Além disso, enquanto grandes empresas podem investir em infraestruturas digitais, as mais pequenas podem enfrentar barreiras financeiras e operacionais para tal.
A elevada frequência de microempresas sugere ainda que, para muitos negócios, o avanço em digitalização na Estónia pode não parecer essencial para o seu modelo de operação atual.
Este cenário contrasta com outras áreas que recorrem à doença financeira como uma parte importante da sua operação em Portugal.
O que é o 'Skype Mafia' e qual o seu impacto?
O termo 'Skype Mafia' refere-se ao grupo de ex-funcionários da Skype que impulsionou o ecossistema de startups na Estónia. A Skype, fundada em parte na Estónia, deixou uma profunda marca no cenário tecnológico do país.
Os colaboradores iniciais que trabalharam na Skype absorveram valiosas experiências e conhecimentos que, posteriormente, aplicaram ao criar suas próprias empresas. Este movimento deu origem a uma nova geração de startups, muitas delas evoluindo para unicórnios tecnológicos. De destacar que a Estónia ostenta o maior número de unicórnios tecnológicos per capita na Europa.
A forte rede de contactos e o espírito colaborativo entre ex-funcionários da Skype criaram um ambiente fértil para o crescimento de startups. Estes empreendedores formaram uma comunidade coesa que partilha conhecimentos e experiências, contribuindo para a contínua inovação tecnológica no país.